terça-feira, 11 de agosto de 2009

Alzeimer

Era uma vez um casal que se queria amar para sempre...
Durante a noite choravam afastados por a mentira do dia seguinte, "nada dura para sempre". Levantavam-se tentando não pensar na verdade da noite passada, encaravam a mentira como se fosse a coisa mais valiosa que tivessem alguma vez visto, e agarravam-se a esse pensamento para sobreviver durante o dia.
Ao fazer isto não queria dizer que pudesse acabar, mas o medo de que isso eventualmente pudesse vir a acontecer deixava-os doentes de saber que a morte do amor que sentiam um pelo outro poderia ter um fim. NADA DURA PARA SEMPRE
Sentavam-se um em frente ao outro expectantes de que algo estrondozo pudesse acontecer, o amor que sentiam era demasiado para habitar dentro de duas pessoas, esperavam que algo envolta explodisse, o amor que sentiam era quase como que uma terceira entidade. Olhavam-se nos olhos á espera que algo acabasse, de que algo grande acontecesse "não quero tirar os meus olhos dos teus, pois amanha os teus olhos poderão já lá não estar". Olhavam-se e sorriam, tocavam-se e fechavam os olhos expressando uma cara de dor "o amor dói, dói saber que um dia terá de acabar. Dói saber que o sabes...", tentavam guardar o simples gesto de carinho num dos recantos da mente "este será o toque que quero relembrar para sempre".
A doença alastrou-se..."nada dura para sempre"
"Quem és?" até á uns meses atrás fizeram uma promessa que nunca se iriam esquecer do amor que sentiam. Mas alguém se esqueceu...
"Deixaste de me amar..." o dia que ambos temíam finalmente havia chegado, ambos tinham consciência disso.
"Quem és tu?"
Não o repitas, não repitas a mesma pergunta, não me mates...não nos mates.
"Passa-se alguma coisa senhor? Porque choras? Posso fazer alguma coisa por si?"
Apenas conseguía sentir o sentimento de perda e a vontade de voltar atrás, á mentira que atravessavam, á mentira que eram. "Será que explicando e pedindo para que se lembre...?" pensei para depois no momento a seguir me aperceber de que era um estúpido pedido que nunca se iria tornar realidade.

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