quinta-feira, 23 de julho de 2009

Ninguém o fez.

EU vi e reconheci o olhar em ti. Afastei-o, pisei-o só para me ouvir gritar de prazer. Lembro-me vagamente de te ter pedido desculpas, mesmo sentido nojo de mim, pedi-te desculpas porque pensei estar a merecer tal castigo. Pedi mais uma vez (em vão) para que parasses. Acho que o disse baixo demais, porque nem eu mesma me consegui ouvir naquele momento. Supliquei para que parasses enquanto as lágrimas escorriam e a vergonha me paralizava. Implorei-te para que parasses, gritei e chamei por alguém, mas ninguém veio. Mas ele ali permanecia, em cima de mim com olhar sedento de desejo, ele ali me matava. Continuou..."Não...não...pára" gritava eu sem nunca ter proferido uma palavra. A minha mente gritava por algum milagre, por algum Deus, por alguma coisa que me salvasse, mas nada apareceu, todos deixaram que ele me matasse. Felizmente(ou infelizmente) acabou, ele saíu. Passados momentos finalmente consegui deixar escapar uma lágrima e destinguir uma voz sarcástica dentre muitas que tinha na cabeça "Tu sabes o que aconteceu". Eu sabia...
Não sei quanto tempo ali fiquei, nem me apercebi que o Sol já se tinha posto. Foi tudo tão rápido, quase que uma eternidade. As lágrimas sujavam os lençóis sem que eu me desse conta, e o cheiro concerteza deixaria qualquer um mal-disposto, o cheiro a nojo e revolta. Tentei-me levantar, vesti-me já com a minha famosa apatia. "Nada acontecera!" tentava interiozar esse pensamente a cada segundo com mais nojo de mim do que no segundo anterior. Saí do quarto e consegui ouvir passos...corri o mais depressa que pude até á saída, e fechei a porta atrás de mim com força. Desci as escadas a correr, o medo possuía-me e impedia-me de andar correctamente. Caminhava agora pelas ruas da minha cidade, e reconheci algumas caras. Mais uma vez a minha mente implorou a essas mesmas pessoas que me ajudassem, mas ninguém o fez...ninguém o fez. Segui rumo a casa onde entrei e ninguém notou, ninguém se preocupou, ninguém falou...ninguém viu aquilo a não ser eu. Tranquei-me no quarto e implorei baixinho para que alguém me viesse salvar, mas ninguém veio, ninguém viu, ninguém ajudou, "Ninguém o fez".

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